tag:blogger.com,1999:blog-53256868779649387252024-02-07T12:56:00.899-08:00O Zen e a Arte de DivagarUnknownnoreply@blogger.comBlogger53125tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-36471376107589910402010-07-08T17:40:00.000-07:002010-07-08T17:55:07.799-07:00Silences. Heavy and dark. Perhaps this is how the first women and men stared at unknown caves, their souls crushed because they weren't afraid at all. Their minds blank as they stared into oblivion. Their eyes merely echoes of forlorn silences as they grwe suddenly afraid for their humanity, my god, our gods, where did it go?, how can we stare into the still abyss and feel nothing, so much as a fleeting memory, anything, please, silences are heaviest in darkness, where thoughts are guardian angels against the demon of solitude.<br /><br />This is perhaps our destiny. To look into the dark abyss of the future and feel nothing at all, to see our mind's movement, to judge it unable and useless, buccaneer as it is, since minds are no longer profitable assets in a world of quantity. To try and feel envy at our better off siblings. To force upon our throats, to be happy because a lump suddenly appears and we are again able to stroke our lonely hearts, nourished in the desert. <br /><br />This is the great tragedy of our time. Humans are no longer a mystery; humanity is increasingly an enigma. The day will come when we will not know why emptiness feels wrong. Laughter will seem strange and magical, a story of times past. And we will try, but it will crash into our ears, glowing.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-27176862382573517282010-07-05T04:09:00.000-07:002010-07-05T04:10:04.533-07:00M.I.A: Inteligência<span style="font-weight:bold;">Pensa que, para além de não haver muitos leitores, a leitura está a perder terreno neste momento?</span><br /><br />O que está a perder terreno é a inteligência. Estamos a tornar-nos mais estúpidos porque vivemos numa sociedade na qual temos de ser consumidores para que essa sociedade sobreviva. E para ser consumidor, é preciso ser estúpido, porque uma pessoa inteligente nunca gastaria 300 euros num par de calças de ganga rasgadas. É preciso ser mesmo estúpido para isso. <br />Essa educação da estupidez faz-se desde muito cedo, desde o jardim de infância. É preciso um esforço muito grande para diluir a inteligência das crianças, mas estamos a fazê-lo muito bem. Estamos a conseguir destruir aos poucos os sistemas educativos, éticos e morais, o valor do acto intelectual.<br /><br />Alberto Manguel, Público 5.7.2010Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-63696786370966497212010-06-30T14:09:00.000-07:002010-06-30T14:32:01.387-07:00Redenção paginadaVoltou. Finalmente. À custa da morte de uma história em forma de homem. Talvez precisasse disso. Talvez precisasse de saber que o mundo está mais vazio e - coisa estranha - muito mais pequeno. Para redescobrir a vida na literatura. Para que as páginas me prendam e . Para que Steinbeck, o meu Steinbeck, me faça cismar. Laxness murmura, na minha estante. Mailer. Tolstoi. Musil. Neruda. Gabo. Raúl Brandão. Redescubro a vida nos livros, e compreendo. Ler jornais, pasquins desidratados, é uma perda de tempo, um estertor e um insulto ao tempo limitado de que aufiro.<br /><br />A salvação do mundo, se ainda a podemos encetar, está fugida, algures, nas páginas de Borges. E de Saramago e John dos Passos e Naguib Mahfouz e Orhan Pamuk e Marguerite Yourcenar e Harper Lee e Carson McCullers e Truman Capote e Umberto Eco e Aquilino Ribeiro e Sophia. E de Miguel Torga e Cervantes e Zola e Camões e António Ferreira e Aristófanes e Ibsen e Strindberg e Miller e Brecht e Luandino Vieira e Mia Couto e Tagore e Jorge Amado e George Orwell e Kurt Vonnegut e Isaac Asimov e Phillip K. Dick e Omar Khayyam e todos os autores das 1001 Noites e TH Lawrence e Flannery O'Connor e Laurence Sterne e Thomas Pynchon e João Aguiar e Rubem Fonseca e Czeslaw Milozs e Primo Levi e Italo Calvino e Eça e Ramalho e Herculano. Felizmente, não nos podem tirar este delírio suave, este listar de universos que rebentam, num fragor mudo, com as fronteiras impostas por um país pequeno, governado a partir da cátedra por devoradores da dignidade.<br /><br />Se tivesse presenciado a queima dos livros, em frente à actual Faculdade de Direito da Humboldt Universität, penso que arriscaria a vida para salvá-los. E, se me perguntassem porquê, dir-lhes-ia: "não os salvo por ser altruísta. Salvo-os para que eles me salvem, para que possam salvar o mundo da escuridão".Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-4196953527129907512010-06-20T16:35:00.000-07:002010-06-20T17:48:33.626-07:00Primeira tentativa"Então, comunista, como estás?". "Acho que acreditar em [inserir ideal utópico e secundário para as prioridades da intelectualidade urbana] demonstra a existência de uma esquerda festivaleira". "Sim, eu voto neles. Já agora, viste que horror é aquele cabelo seboso, aquela camisa barata, aquele perfume malcheiroso?".<br /><br />Já não se pode afirmar que o mercado não é infalível. Que o sistema financeiro é composto por pessoas e algoritmos nos quais não se deve depositar confiança total. Também não podemos dizer que a igualdade é um princípio ético primaz. Não nos podemos dar ao luxo de acreditar na redistribuição da riqueza, na existência de coisas tão soezes como o ordenado mínimo, o subsídio de desemprego ou um regime fiscal progressivo. Não. A água também pode ser mercadorizada e privatizada. A educação e a saúde constituem sectores não-estratégicos. A energia? Que se privatize, o mercado manda, mesmo que passe os dias no psiquiatra, à espera de orientação. O ar? A terra? Não, não podemos afirmá-lo, dizê-lo seria uma radicalidade, relevá-lo seria provocar os poderes opacos, as eminências pardas sabedoras da incerteza.<br /><br />Abanamos a cabeça e sonegamos, às evidências, a sua condição transformadora. Preferimos concentrar-nos em que nos está próximo. Em quem nos acompanha neste combate. Preferimos balear os nossos irmãos. Preferimos violar as nossas irmãs. Com o nosso silêncio, cavamos um buraco negro. Criamos a nossa própria extinção.<br /><br />Chamam-me comunista, ainda que não conteste a propriedade privada. Chamam-me comunista porque consideram tal epíteto uma provocação suave, não desabrida, uma palavrinha torpe e simpática, que me caracteriza, empacota e define. Para que possam estabilizar-nos. Para que sejamos menos ameaçadores. É por isso que somos zapatistas. Que somos comunas, esquerdalhos e palestinianos. Fixados, não podemos feri-los. Somos animais no jardim zoológico: não conseguimos queixar-nos, porque não falamos as suas línguas, os seus dialectos pitagóricos. Deixamos de estar certos. Pensamos que devemos quedar-nos em silêncio, dúvidas ancestrais que nos pressionam as têmporas, será isso preferível a deixar-me enredar neste novelo de certezas?, talvez seja, talvez prefira ter medo e contradizê-lo, não, não sou um comunista, como podes dizê-lo?, no íntimo, é uma vergonha, talvez não no íntimo, mas, em todo o caso, pelo menos, na hipoderme, suficientemente profunda para que possa sentir um toque a finados nos meandros das minhas memórias, das discussões, das lágrimas, dos ódios contra os estalinistas que nos prendem, não, não sou um comunista, o que queres dizer com isso?, sinto a peçonha a acumular-se, sei que não sou comunista, talvez tenha comprado marxismo no Lidl, mas nada mais, nada, estou só a meter-me contigo, tem calma, acalma-te, relaxa.<br /><br />E temos medo. E relaxamos. E acalmamos. Não somos comunistas. Nós, os que não se vestem como um comunista devia vestir-se. Porque ser comunista é ser okupa. E ser okupa é ser um precário. E nós não somos comunistas, Deus nos livre, nós não somos comunistas, é um epíteto morto, que se lê em livros antigos e empoeirados, não o usamos, sibilamo-lo, "aquele é comunista, já viste?", talvez sejam os nossos óculos e a nossa sintaxe, talvez seja a nossa gramática, as gramáticas da revolução não foram abaixo com o muro, ficaram apenas nos muros de dentro, aqueles que nos dão esta aura de peso, toneladas de tristeza porque carregamos o mundo e a sua possibilidade na retina.<br /><br />Por que razão disse isto? Que não, não sou comunista, porque dizes isso? E porque me dizem isto, como se ser comunista fosse muito mau, mesmo mau, terrivelmente doentio, uma safadice imunda, esses gajos que conspiram para deitar abaixo um mundo tão bom, tão justo, onde há janelas em andares inóspitos, onde há nuvens que se abraçam aos dólares, e charutos pousados em secretárias de custo indeterminado, e terminais onde a racionalidade dos mercados devora vidas ao almoço e arrota sem memória.<br /><br />E recorro aos armários onde guardo instantes para classificação póstuma. E vejo que há quem vote neles e culpe os operários. E os desempregados. E esses filhos da puta dos feiosos que não se riem da maneira correcta. É a ditadura do maneirismo, melhor dito Maneirismo, que o dia é de cerimónia engalanada, o ano é de celebração, o mundo ganhou, a realidade ganhou, a vontade e o poder ganharam, e eles votam ao mesmo tempo que assassinam o cheiro a suor, os cabelos empastados em faúlhas opressoras, as roupas e os modos-maus que nunca chegam, mesmo que se cheguem pertinho, pertinho, serão sempre insalubres. Eles votam e erguem o punho, fingindo combater a realidade e contando as moedas com que vendem as utopias às revistas de estilo, aos discos da moda, a tudo da moda, os jornais onde a sociedade morreu e a vontade colectiva é uma cabala de barbudos e cabeludos toxicodependentes. E eles votam. E ruborizam-se. E avermelham-se. E discutem penteados. E as cores das paredes onde chorarão a morte do mundo, às mãos das ideias. E fecharão os olhos à morte das ideias às mãos do mundo, que lhes passa ao comprido. Tudo num passe de dança, num fechar de olhos sem abrir que se compraz na satisfação de conhecer os dois lados da moeada, resolver esse enigma ancião, atirar uma moeda ao ar e apontar uma arma à sorte, agora decido eu, sua puta, que sempre me fodeste e agora mato-te sem honra ou glória, morre para aí sozinha, e pronto, agora podem votar nos comunistas e tecer um mundo em que se podem desejar transístores, em que as comidas processadas são filhas da Virgem Maria, em que as crianças esmagadas debaixo de engrenagens solitárias são filhas da Virgem Maria, porque agora já não há Marias Madalenas, eles podem votar em quem querem e podem ser pedantes à vontade, que esconderão essa dor fundamental atrás de silogismos enciclopédicos, anunciando a possibilidade de tudo, de querer comunistas no poder e saborear as delícias de tudo almejar, tudo querer, sim senhor, sim senhor professor, sim meu amor querido e desejado porque tens tanto poder e eu preciso de poder para não ser obrigada a sentar-me, numa noite solitária, a tecer interrogações desiludidas, de que serve? O que é isto tudo? Tantos livros e restaurantes, tantas conversas grandiloquentes e interjeições terapêuticas, tanta bajulação e tratamento faraónico, deu frutos, resultou e já não preciso de me preocupar, mas isto fica, esta inquietação fica e acordo de noite, afundado em suor, desesperada porque não sei de que serviu, continuo preso a correntes que não intuo, demoro-me em memórias esmaecidas e sinto-me morta. Sim, eles votam nos comunistas, desferem-lhes golpes porque jã não são operários, exigem-lhes que o sejam e que falem como meninos de boas famílias, exigem-lhes que vocalizem todas as sílabas, contestam imagens roucas e grotescas, o cheiro da fábrica não lhes convém, o cheiro da catinga também não, porque os gabinetes e os jantares e as discotecas e as livrarias e as esplanadas ondem se declaram tão revolucionários como Trotsky cheiram muito melhor, não cheiram a morte nem a opressão, as lágrimas de quem os serve podem ficar trancadas fora do mundo que os acomoda, que os embala no sono e lhes dá 1+1=2. Mas eles votam e conhecem. São informados. Até ao dia em que calam a revolta, porque não pode ser ali, é preciso acautelar o futuro, isto não vai lã com amor e uma cabana, nós somos reais, nós somos realistas, nós somos a praxis da pragmática, nós vemos o mundo e sabiamo-lo antes de Deus, antes de Allah, antes do Buda. Não era o momento, ali não, o senhor doutor professor não podia saber que eu choro a ouvir a Internacional, o professor senhor doutor não podia saber que eu cuspo no prato dos burgueses que nunca servi, mas sei que existem e comem criancinhas, eu que sou comunista nunca as comi, mesmo quando me demorei a escarnecer dos cabelos sebentos daquela porca nojenta que grita para outra porca nojenta, feias que são, só podem merecer o destino que as espera, um subúrbio interminável e labiríntico, nem Borges saberia o que fazer daquilo. Era altura de me calar, depois posso chorar, é preferível chorar de barriga cheia que ser íntegro de barriga vazia, é preferível deixar que a integridade seja uma indigente amarga e que se esqueça de si mesma. Eles votam e escarnecem, eles votam e esquecem. Acordam e, sentados à beira da cama, debitam um rol criativo de justificações. Eles são indústrias de justificações austeras, eles constroem-se como quinta coluna, até ao dia, até ao dia, quando isto tudo ruir, eu serei glorifcado, eu serei santificada, haverá hagiografias, haverá universidades com o meu nome, incluindo os meus quatro doutoramentos e os meus trinta e oito mestrados, placas de mármore versajando a minha epopeia de mártir, eu mártir, eu santo, eu santa, tudo isto para ter o reconhecimento das massas, as mesmas massas onde milhões de varejeiras com cabelo empastado, de tímpanos gastos e sonhos estilhaçados, me alçarão à imortalidade, chega-te para lá García Márquez, és um tinhoso, eu é que sou comunista, votei neles toda a vida.<br /><br />Porque é que tive medo? É difícil explicar. É fácil senti-lo. Os homens são bichos sociais. Queremos viver numa história de amor, numa história de glória, num dealbar de bandeiras em nossa honra. A solidão obriga-nos a perceber a nossa fragilidade. Inventamos fantasmas para esconjurar o silêncio. E, por isso, tive medo. Tu também tens medo. Tu deixas que um medo petulante te destrua, e és uma carcaça vibrante. Eles não concordam contigo, por isso estão errados. Mas o mundo não está errado, apesar de não concordar contigo. Eles tomam realidade em comprimidos, ao passo que tu és toxicodependente. És realodependente. A realidade é como a heroína. É daí que emerge o teu ódio. Também votas e abjuras, como eles. Também és um Galileu arrependido. Também acordas, de noite, com um fragor contorcido no rosto, queres afogar-te na almofada, quando te vens nas noites dolentes em que as ideologias estão atrás das estrelas, nas naves espaciais comandadas pelos vultos que marcam os livros e o teu olhar. E é por isso que só se pode falar daquilo que te conforta. É por isso que tudo aquilo que se esconde nas tuas entrelinhas é censurado, proibido e queimado em efígie. A realidade não se selecciona, é como a heroína. E tu votaste neles, mas não gostas de quem se mascara de oprimido. Não gostas do desconforto que te causam, porque a impostura é uma pele que usas com conforto desditoso. <br /><br />Pegas numa caçadeira e desatas aos tiros, até os matares a todos. Sonhas com os pormenores, com o sangue a brotar, com os miolos a poluir as certezas confortaveizinhas de todos os porcos e carneiros que estão prestes a saber que a lógica e a razão presidem, num trono inefável, aos destinos do mundo, e és tu o seu anjo vingador. Carregas a caçadeira e dás-lhes esse prazer, o prazer do sentido, o prazer de mostrar ao mundo que vivi para qualquer coisa, fui o móbil deste acto estouvado, desta assassina demente, mas servi para alguma coisa, não fui cúmplice de Chaplin, não causei o suicídio de Débord, embora seja uma pequena nota de rodapé nos borbotões da História.<br /><br />E eu quero mudar. Quero escrever nos sulcos da carne. Quero arranhar a terra até lhe mostrar a minha dor. Vocês votam e choram de barriga cheia. E dizem que sim com um sorriso enquanto se fazem Dalilas.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-65475628719507478572010-06-18T17:07:00.000-07:002010-06-18T17:14:41.731-07:00menos blogs, menos notícias, menos tristezasQue conheça gente obcecada com estatuto. Que eu própria tenha sido, em tempos, obcecado com estatutos e reconhecimentos. Que, já agora, tudo isso tenha sido sensato e traga muito sucesso a quem se revê no mundo das amizades comida-rápida, das ideias cordatas, das formas de tratamento, das revistas que formatam estilos de vida sonhando serem novas bíblias, de conversas resumidas a listas de posses, de restaurantes, bares e cafés sensaborões que constroem lendas na carteira de clientes desabridos e ligeiramente inseguros.<br /><br />Ainda assim, viverão todos vidas desvanecidas, como os verdes de Outubro no Alentejo. Serão todos ricos e felizes, bronzeados e empanturrados de cozinhas que, por definição, são inacessíveis a quem as poderia criticar com propriedade.<br /><br />Uma classe inteira de jovens e pretendentes a monarcas, trendsetters que palmilharam, com quanta frustração, os caminhos do reconhecimento, aguardando, na escuridão da indiferença, o momento da sua glória, o parágrafo seguinte nas suas jogadas de longo alcance.<br /><br />Conheci alguns, que serão, com toda a certeza, notáveis e sumarentos carregadores de poder. E serei, provavelmente, um anónimo varredor de memórias eternamente em busca de sentido e uma côdea de pão. <br /><br />Mas sei que não é isto. Há-de haver algo mais que estilismos e obsessões estatutárias.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-78724457536710997772010-06-17T15:54:00.000-07:002010-06-17T15:57:16.763-07:00Portas fechadas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.brighthopeofkc.com/wp-content/uploads/2008/12/door_closing.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 450px;" src="http://www.brighthopeofkc.com/wp-content/uploads/2008/12/door_closing.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Talvez seja uma série de divisões. Talvez precise de olhar para as janelas. Porque todas as portas parecem fechar-se antes que possa espreitar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-68886342936492951742010-06-16T19:05:00.000-07:002010-06-16T19:16:09.829-07:00Acerca dos apocalipses¿Cuándo empezó todo?, pensó. ¿En qué momento me su-<br />mergí? Un oscuro lago azteca vagamente familiar. La pesadilla.<br />¿Cómo salir de aquí? ¿Cómo controlar la situación? Y luego otras<br />preguntas: ¿realmente quería salir? ¿Realmente quería dejarlo<br />todo atrás? Y también pensó: el dolor ya no importa. Y también:<br />tal vez todo empezó con la muerte de mi madre. Y también: el<br />dolor no importa, a menos que aumente y se haga insoportable.<br />Y también: joder, duele, joder, duele. No importa, no importa.<br />Rodeado de fantasmas.<br /><br />Roberto Bolaño, 2666Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-3025254918767778312010-06-15T16:38:00.000-07:002010-06-15T16:55:17.248-07:00Das desilusões. Dos desideratos. Dos desesperos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://cache2.asset-cache.net/xr/101221602.jpg?v=1&c=NewsMaker&k=3&d=A7B69CF049AC90050FAF32C7F9D6151CAD61B3F9B6BC2A160D4C6D11DA6133A500123AA3B5A18ED0"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 340px; height: 227px;" src="http://cache2.asset-cache.net/xr/101221602.jpg?v=1&c=NewsMaker&k=3&d=A7B69CF049AC90050FAF32C7F9D6151CAD61B3F9B6BC2A160D4C6D11DA6133A500123AA3B5A18ED0" border="0" alt="" /></a><br /><br />"Diz-se que nascemos num suspiro do mundo. Sendo assim, nasceste num solavanco de suspirações sincopadas. E é por isso que não te resolves a recambiar os teus sonhos à proveniência, fajutos e hirsutos que são, sempre luzidiamente escorregadios. Insuportáveis. É, portanto, um resolver de chamas que procuras; não te posso ajudar. Já não posso fazer coisa alguma. Estou disperso em moléculas e átomos de cândidas tristezas". "Cantas e desvias o olhar. Tens medo das nuvens? Tens medo de desejar ser um estar invisível?". "Sim. Talvez tenha apenas medo. Medo por si, daquele que olha o espelho e é acusado de suicídio por negligência". "Então, estás a caminho da loucura". "Estou. Mas é preciso ser doido para ficar louco num mundo tão insano e descarnado". "É capaz. Mas tu lês e sentes e pensas e cogitas e criticas e choras-lágrima-no-canto-do-olhinho, sem que te afastes do caminhobsolescente (gosto tanto desta palavra, deste justapor de semânticas orgásmicas".<br /><br />Sim. Talvez, noutra vida, pudesse ter sido presidente da democracia do reino republicano de trás-os-mares (como a minha bisavó desejava, no seio do seu âmbito rotundo e encorpado). Mas aqui, neste trovejar de desesperos, estou à espera do autocarro. Chove. Olhos pálidos pintam Rembrandt na paragem, bafejada pela humidade nocturna. Vislumbro a minha vida paralela, uma década, talvez mil, felicidade alcatifada e embutida em arranha-céus de corte futurista, uma velocidade incerta, eis que o autocarro range a sua chegada, justificando, modestamente, um atraso que não é da sua conta. Mais uma vida contada em silêncios, vazios cintilantes e calçadas esburacadas em busca de significantes.<br /><br />Olho para trás. Nunca fui singelo. Nem puro. Nem sonhador, que os sonhos sempre vieram ter comigo enquanto dormia, e sonho é coisa que não se agarra a dormir, é necessário jogo de cintura, ouvidos alertados para a transitória condição de viver. E agora, que o futuro me reserva uma marmita luciferina, reconheço o meu devir como dejá vu inseguro, com dores nas vértebras, com dores nos neurotransmissores e nos livros por ler. Cansado e acorrentado.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-16278938933124133062010-06-10T18:04:00.000-07:002010-06-10T18:16:03.747-07:00Futuro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://farm1.static.flickr.com/79/246570462_d027a92b95.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 500px; height: 375px;" src="http://farm1.static.flickr.com/79/246570462_d027a92b95.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-89922339876934254822010-06-09T15:31:00.001-07:002010-06-09T16:00:33.104-07:00RaivaDa próxima vez que alguém me disser<br /><br />- "mas tu és tão bom/tens tanto valor/consegues fazer tanta coisa/ sabes tanta coisa";<br />- "tão novo e com um currículo tão bom?";<br />- "se tu não consegues, ninguém consegue";<br />- "podes fazer o que quiseres";<br />- "tem calma";<br />- "não te preocupes tanto";<br />- "há quem esteja pior";<br />- "a minha situação é pior que a tua";<br />- "não te queixes, olha que [inserir situação-limite]";<br />- "quem te manda tirar esses cursos?";<br />- "o que é que queres que te diga?";<br /><br />...tenho um ataque de fúria incontrolável. Estou farto de gente que só se preocupa com os desgostos alheios para se sentir melhor à noite, quando quer dormir. Estou cansado de pessoas que fazem promessas balofas, fazem julgamentos repugnantes do alto dos seus privilégios e assumem que a sua situação é sempre mais precária que a dos outros, sem que pausem um segundo as suas vidas auto-centradas e aceitem que têm sorte e talvez não devessem queixar-se. Estou farto de absorver narrativas e ser compreensivo, quando as minhas questões, inseguranças e angústias são sempre remendadas com chavões e palavras vazias. Estou submerso num mundo de energúmenos propulsionados pela soberba que aprenderam nas suas escolas, universidades e colóquios. E é por causa disto que esta mente brilhante, este predestinado ao Nobel por inerência, esta luminária em potência que sonha com Harvard e com Ramallah, diz a toda a corja de indigentes e facínoras devoradores: foda-se, estou farto. Estou fatigado. Cansado de tanta pressão, tantos joguinhos sociais, tantas ideias falhadas, tantos discursos incrédulos e discussões inférteis. Divagações e maleitas psicológicas e depressões-ansiedades-mágoasescondidas-(inserir coordenadas aleatórias) e todos os outros desertos e nuvens e dores e sanguessugas indolentes na fila de espera para o meu cadáver dançante. Quero ser um clube de combate para todos os predadores do mundo, enquanto o meu coração não pára e satisfaz todos os que nem sequer sentirão a minha derrota e a implosão do meu carácter. Desfaço-me, todos os dias noites anos sortes em existências pardas e expressas em equações nefastas. E isto solicita-me o destino para cruzadas em que não acredito, frases sílabas declaradas anónimas e torpes. o meu cabelo cai/cái/caí/c-a-i e a extinção do meu olhar é uma reacção química micromacromeso reflectida no espelho da minha ineternidade.<br /><br />Mais uma vez (só mais uma): foda-se, estou farto. Estou farto de confiar em palavras de arestas magras. Estou extinto de capacidade anímica. Estou desconstroçado em todas as moléculas de ansiedade. Estou. Estou. Sou. Dou. Leio nas caudas dos cometas o meu devir paralelo e o mundo parece-me escurecido, música tremelódica que dói no peito, não porque seja bela, mas porque é suspeita, porque é assassina, porque esteve numa esquadra representada em série televisiva de má qualidade, porque estamos todos a caminho da máquina de sonhar, que isto não anda nem para Molero, nem para Tyler Durden, nem para Pantagruel, desfaço os dedos em sangue nas teclas do comando, desfaço-me em vento a cheirar o futuro na varanda desta casa quentefriamorna sem temperatura definida e por isso tão mais definida que esbugalho a minha ética e os meus olhos perscrutam o lado obscuro do silêncio.<br /><br />Tenho que fazer sentido? Tenho que escrever? Tenho que. Devo-te. Sinto-te. Arranho-te. E tudo isto é um obstaculizar imenso das certezas. E não sou um escritor adverso. E não sou um pintor magoado. E não subo escadas com um sorriso na cara, contrariado com a impressão desconfortável de uma t-shirt demasiado apertada, imagino assassínios latino-americanos, latino-asiáticos, latino-oceânicos, depois penso que sim, que sou um latino-oceânico e quero o mar, sinto o mar, mas é um patrioterismo bacoco que está prestes a reduzir-me a hemoglobina renegada, sou um ataque isquémico a pulsar nas possibilidades de veias infinitas, quero a terra viva, quero só um pedaço de vida para arar o mundo e criar um futuro novo, que o futuro velho é cinzento e estuporado, o cabrão, que me deixa ancorado na capacidade de nadar como Sísifo, como Tântalo, como mitos contemporâneos tragados pela velocidade.<br /><br />Juro. Se alguém me diz aquelas sevícias, tenho um ataque de fúria. Estou farto de palavras compradas no supermercado.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-73964166464077361952010-05-22T18:26:00.001-07:002010-05-22T18:27:04.035-07:00is it?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:Egct3mCM4ge8UM:http://www.camargo.eti.br/42.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 113px; height: 122px;" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:Egct3mCM4ge8UM:http://www.camargo.eti.br/42.png" border="0" alt="" /></a><br /><br />Maybe, if you weren't such a meaningless dot in the grander scheme of things.<br /><br />And the worrisome part is that it doesn't feel good anymore.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-89516491016561382522010-05-20T10:07:00.000-07:002010-05-20T10:17:13.960-07:00Please rewind when finished.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://farm3.static.flickr.com/2468/3707523312_7c641ae339.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 336px; height: 430px;" src="http://farm3.static.flickr.com/2468/3707523312_7c641ae339.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Um dia destes, belo ou feio, hei-de perguntar. <br /><br />Porque é que não me explicaram que a vida é uma direcção irrevogável?<br /><br />25 anos e um mundo de oportunidades perdidas. A sensação angustiante da inconsequência. E a certeza de que estou a ficar para trás. De quem ou de quê? Não sei. Apenas uma inexorável sensação de perda.<br /><br />Todos os dias em busca de uma pequena fresta. Ou de uma outra perspectiva. Mantendo a postura e o silêncio convenientes a quem apenas deseja certezas, a certeza de que está tudo bem, a certeza de que tudo é possível, a certeza de que podemos tudo. Mas não está, não é tudo possível e no, fundo, podemos uma pequena parcela de tudo, tão ínfima e desprezível que não nos consola, só nos incomoda, porque é uma sugestão de algo maior.<br /><br />Eis que me redescubro como Sísifo. Mas um Sísifo que pode voar, ou pode continuar a vergar-se, ou pode deixar-se esmagar. E mastiga essas possibilidades.<br /><br />Acordo com 75 anos e descubro que nada fiz, supondo a minha vida vivida em piloto automático.<br /><br />E é uma merda.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-74498252053822223022010-05-12T12:56:00.001-07:002010-05-12T12:56:42.889-07:00O verdadeiro artista<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/73KNwXT8Ofo&hl=en_US&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/73KNwXT8Ofo&hl=en_US&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-71292576825265595402010-05-09T17:14:00.000-07:002010-05-09T17:15:27.854-07:00to all working class heroes<object width="640" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/njG7p6CSbCU&color1=0xb1b1b1&color2=0xd0d0d0&hl=en_US&feature=player_embedded&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowScriptAccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/njG7p6CSbCU&color1=0xb1b1b1&color2=0xd0d0d0&hl=en_US&feature=player_embedded&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowScriptAccess="always" width="640" height="385"></embed></object><br /><br />As soon as you’re born they make you feel small<br />By giving you no time instead of it all<br />Till the pain is so big you feel nothing at all<br /><br />A working class hero is something to be<br />A working class hero is something to be<br /><br />They hurt you at home and they hit you at school<br />They hate you if you’re clever and they despise a fool<br />Till you’re so fucking crazy you can’t follow their rules<br /><br />A working class hero is something to be<br />A working class hero is something to be<br /><br />When they’ve tortured and scared you for twenty odd years<br />Then they expect you to pick a career<br />When you can’t really function you’re so full of fear<br /><br />A working class hero is something to be<br />A working class hero is something to be<br /><br />Keep you doped with religion and sex and TV<br />And you think you’re so clever and class less and free<br />But you’re still fucking peasants as far as I can see<br /><br />A working class hero is something to be<br />A working class hero is something to be<br /><br />There’s room at the top they are telling you still<br />But first you must learn how to smile as you kill<br />If you want to be like the folks on the hill<br /><br />A working class hero is something to be<br />A working class hero is something to be<br /><br />If you want to be a hero well just follow me<br />If you want to be a hero well just follow meUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-44193971416424685742010-05-04T16:03:00.001-07:002010-05-04T16:04:39.825-07:00Promessas1. Deixar de ler blogs da elite do poder portuguesa.<br />3. Deixar de ir ao Facebook.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-26521704936769867802010-04-23T17:06:00.000-07:002010-04-23T17:10:50.189-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://cinemacomrapadura.com.br/imagens/2010/01/KickAssPoster1-405x600.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 405px; height: 600px;" src="http://cinemacomrapadura.com.br/imagens/2010/01/KickAssPoster1-405x600.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Para o cinéfilo que há em mim... eh, Tarantino muito leve.<br /><br />Para o <span style="font-style:italic;">geek </span>que há em mim, o melhor filme do ano.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-57214287035957002762010-04-21T17:18:00.000-07:002010-04-21T17:34:38.324-07:00Why people like me are slightly fuckedhttp://cbp2.cobundle.com/p/132464-card2542?utm_source=indexedx&utm_medium=gumgum&utm_content=cbp-icon&utm_campaign=dogear-001<br /><br />We obey rules but know their limits.<br />We believe in experience but perceive its illusory sustenance.<br />We laugh in the face of rule-aholics and experience freaks.<br /><br />Then...<br /><br />We become obsessed by narratives of success which stink of malfeisance.<br />We become entangled in a web of negative feedback which makes stupid people, well-adjusted people and brown nosers ALWAYS more apt for post-modern society than us.<br />We become rule-aholics and experience freaks.<br /><br />Why?<br /><br />Because we forgot to tell idiots that they could go fuck themselves instead of being idiots within our confort zone.<br />Because we let stupid people make us miserable.<br />Because we forget alternatives.<br />Because we unconsciously go into misery autopilot.<br />Because we believe success to be a one-way road to either power, status, money, sex or aesthetic pleasure.<br /><br /><br />So...<br /><br />Idiots: fuck off.<br />Stupid people: beware of my foot on your ass next time you bother me, my family or my friends.<br />Alternatives are welcome.<br />Autopilot and cruise control are hereby turned off.<br />Power is like oysters: tastes good for a while, then makes you sick and quickly rottens; Status is just a control technology put in place to make you dormant and inattentive to injustice; Money is nothing more than a proxy; Sex... as long as it means something for both of us beyond hedonistic impulse; Aesthetic pleasure... well, Heidi Klum is a bitch.<br /><br />My way of trying to achieve Samadhi?<br /><br />Perhaps.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-57123956924000849372010-04-21T02:22:00.001-07:002010-04-21T02:36:46.433-07:00Voltando à arte de divagarNão, na verdade não quero que tudo se foda e todos se fodam.<br /><br />Foi uma maneira estrepitosa de declarar a minha fúria perante forças incontroláveis. Os biólogos dizem que, em face de ameaças, desenvolvemos duas respostas adaptativas: fight or flight, agressão ou fuga. Geralmente, reajo de forma violenta à ameaça - perder as estribeiras, ter mau feitio ou desatar a vituperar todas as partículas do universo.<br /><br />Depois, reflicto.<br /><br />E então? Que me poderá acontecer? Ter um trabalho completamente banal, desesperante e insultuoso das minhas capacidades e formação? Ter que esperar na fila para uma sopa caritativa? Que eu saiba, ter um trabalho não é indigno. E ser obrigado a auferir de caridade alheia, em situação de necessidade, não é o pior que pode ocorrer.<br /><br />Nestes momentos, percebo quão impregnado estou de todos os preconceitos da classe média mesquinha e diminuta. E que não valorizo suficientemente os meus próprios princípios. Que não alimentam ninguém, é certo. Mas, pelo menos, legam-me o consolo de saber que, ao contrário de alguns, não desvalorizo a adversidade e não anseio por reconhecimento. Contradição absurda: ansiar a admiração de seres cuja existência deploro.<br /><br />Talvez esteja a caminho de me tornar um outro Orwell. <br /><br />Como diz certo filme pastoso: ou nos ocupamos da vida, ou nos ocupamos da morte.<br /><br />Eu, por mim, escolho (invariavelmente) vacilar. A algum lado hei-de chegar.<br /><br />"In Spanish there is a word for which I can't find a counterword in English. It is the verb vacilar, present participle vacilando. It does not mean vacillating at all. If one is vacilando, he is going somewhere, but does not greatly care whether or not he gets there, although he has direction. Everything in the world must have a design or the human mind rejects it. But in addition, it must have purpose or the human conscience shies away from it."<br /><br />John SteinbeckUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-90134843481513203892010-04-19T15:42:00.000-07:002010-04-19T16:22:44.383-07:00O esperadorPerguntam-me pela solução. Não sei qual é. Não sei como resolver todos os crimes do mundo, e não sei como carregar todo o peso do universo nas minhas vértebras requebradas. Este é o nosso fado: carregar um peso que não compreendemos, não conseguimos justificar e não sabemos desfazer.<br /><br />A cada dia que passa, estamos mais divididos. Uns assentam em piso sólido, outros remanescem em solidões líquidas, atravessando desertos incorpóreos, à espera de alguém que lhes toque no ombro e possa guiá-los para casa.<br /><br />Mas nós já não temos casa. Nos nossos ombros, só a esperança e o desespero podem tocar. Suprema ironia: se o fizessem, não poderíamos compreender a sua linguagem apocalíptica. Para nós, o Inferno não é o Apocalipse; as chamas de Satã só suscitam esgares de desprezo, porque nos furtaram a imaginação e não nos deram, em troca, vontade de poder.<br /><br />E, ainda que eu soubesse ler destinos, ficaria aquém do nosso destino, recôndito no horizonte.<br /><br />Não sei o que faremos, porque já nem sequer nos perdemos. Já abandonámos a ideia de perdição, de estar perdido em nenhures ou algures. Para estarmos perdidos, precisamos de uma ideia de caminho e meta. Eu não tenho esse caminho. Muito menos essa meta.<br /><br />Não temos trabalho. Não temos garantias. Sem trabalho, não podemos aceder à formação que garante a tão propalada "aquisição" de "competências". Enquanto alguns se dão ao luxo de criticar as ideologias com as quais se miscigenam - aproveitando oportunidades, multiplicando redes e demonstrando a vantagem de manter a leveza em todas as situações -, outros ficam nas margens, à espera.<br /><br />Existe a profissão de esperador? É isso que sou. Talvez devesse sentar-me, conformado. Creio que já não sei escrever, não com galhardia e estranheza suficientes para singrar nesse mundo. Também não sei nada de concreto, pelo que nada de concreto me espera. E os dias deslizam, esgotados.<br /><br />Sim, talvez seja um esperador. Já não fazemos parte do cortejo, fomos relegados para as varandas e os becos sórdidos do esquecimento. E, ainda que algumas más consciências se recusem a reconhecê-lo, gente como eu está fadada à indefinição. Nascer na época errada é um estertor tão banal como outro qualquer; como beber uma cerveja na noite errada; como dar um beijo na pessoa errada; como desperdiçar a oportunidade errada.<br /><br />Assim, contamos os tostões, esperando que a justiça entre, porta adentro, rectificando todos os desmandos. Mas ela insiste em não aparecer. Pelo contrário, a sua ausência teima em demonstrar quão pouco ajustado sou, e quão difícil é recusar a sorte. Vivo no meu país, no reino do "devia", enquanto pressinto o esvaimento da parca dignidade que nos resta. Até lá, não procuro soluções. Os problemas procuram-me, e não me sinto obrigado a metamorfosear-me em profeta - não quando colijo as alternativas e todas se cinjem à espera. Porque não tive a desfaçatez de dizer algo em dada altura; ou porque não soube aproveitar tal oportunidade em tal altura; ou porque não fiquei calado em dada altura. Sempre a questão das alturas e da conveniência.<br /><br />Honestamente, nada me comprazeria mais que atirar a conveniência e propriedade do alto de um arranha-céus. As Amoreiras, de preferência, ou um qualquer mamarracho simbolizador de quão pouco aleatória é a existência do privilégio e da segurança.<br /><br />Gastaria todo o meu paiol vernacular a escarnecer da pena e da preocupação com que as minhas diatribes são recebidas e relativizadas, se isso servisse para efectuar um programa alargado de reality checks, mas creio que não desperdiçarei tal vernáculo - deixo os Catch 22 para quem os pode ou quer viver. No fundo, compreendo-os: não têm que entender a minha raiva e a minha frustração, geralmente plasmada em escritos longos, incoerentes e de fraca qualidade. Meneios de entendimento também são dispensáveis: gentalha susceptível, como eu, não lida bem com eles.<br /><br />Seria mais fácil dizer, com pacatez, "quero que tudo se foda e todos se fodam" (para manter a concordância). Ser niilista é sempre mais fácil. De momento, prefiro ficar angustiado e perplexo. E ouvir os conselhos absurdos de quem ainda não percebeu que a insegurança é um estatuto ontológico diferente da segurança. E essa diferença comporta atitudes existenciais incompatíveis, que limitam qualquer conselho, "soundbyte" ou "punchline". Gostaria que parassem de me vender pena, soluções encaixotadas e paraísos dourados, como se eu nunca tivesse pensado nisso e pudesse, com um passo de prestidigitação, modificar a panóplia de alternativas ao meu dispôr. O insulto à minha inteligência seria menor e, pelo menos, mais suportável.<br /><br />Na verdade, acho que me apraz dizê-lo. Quero que tudo se foda. E todos se fodam. Como ninguém lê este poço de esterco, sempre posso debitar enormidades sem consequências de maior. Em todo o caso, se advierem consequências, a minha condição de "pequena pessoa" cumprirá a sua função: recordar-me, ad aeternum, da minha própria banalidade.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-29349979274643148512010-04-19T14:33:00.000-07:002010-04-19T14:38:26.923-07:00Cidades: o meu top 10 a visitar (ou 20, 30, 40, 50)1. Istanbul<br />2. Buenos Aires<br />3. Sydney<br />4. Shanghai<br />5. Tokyo<br />6. São Petersburgo<br />7. São Francisco<br />8. Cidade do Cabo<br />9. Rio de Janeiro<br />10. UshuaiaUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-20748200956658132242010-04-18T16:48:00.000-07:002010-04-18T16:58:25.310-07:00Segredos(...) "O teu problema é muito simples. Demasiado simples". "Estás de fora, e quem está de fora só reconhece a complexidade dos seus próprios problemas e questões". "Não é verdade. Tu buscas reconhecimento. Mas ninguém te reconhece. Tu buscas as estrelas enquanto ninguém olha. Ser filho da noite remete-te para a escuridão. E não há glória na escuridão". "Certamente. O meu propósito é obter o reconhecimento do futuro, não do presente. Porque o futuro terá tido tempo para envelhecer, ao passo que o presente é apenas uma sombra assustadiça de si mesmo. Prezo aquilo que é antigo, porque o tempo afina o olhar e recobra a memória". "Ainda assim, tens um problema. Sentes um cronómetro nas veias. O teu caminho é linear, e não podes desperdiçar segundos". "Tens razão. Creio que prefiro a escuridão e as estrelas mudas. A magia do silêncio é-me mais preciosa que os encómios vazios de vultos sibilantes. Os astros, pelo menos, convocam palavras perdidas, dores esquecidas e fazem-me levitar. Aqui, de nada serve pensar ou meditar."Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-77999683768910325182010-04-15T16:51:00.000-07:002010-04-15T16:55:31.601-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.reasoned.org/images/ICON4.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 388px; height: 90px;" src="http://www.reasoned.org/images/ICON4.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br /><a href="http://www.reasoned.org/">Reasoned Spirituality</a><br /><br />Lido aos 15, aos 25, aos 35, aos 45, aos 55, aos 65, aos 75, aos 85 (no caso improvável de lá chegar).Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-8229448853369416462010-04-13T14:29:00.001-07:002010-04-13T15:07:55.703-07:00A geração quebradaWe are broken.<br /><br />We are broken people.<br /><br />We are lost. A lost generation adrift. A lonely mass of women and men. A simple and diffuse existence without aim. We are not aimless. We simply lack the will, our backs broken by chance, by fate, by whatever present discontent or transcendence, to do our whim. It was surgically removed by years in a classroom, a meeting-room, a dying room. The sun doesn't know our name. It has never met us. We know no poetry, we know no ideas.<br /><br />We are talent. We are skills. We are operatives in a bloodless nightmare of networks and projects amd perverted nomadic dreams.<br /><br />We are loveless and lifeless. Our jobs are simple mandatory tasks, put together to massage our over-educated brains and convince us that arrogance will drive us further. That our fellow people are not kinswomen and kinsmen. They are competitors, they are vultures, they are adversaries that must be broken. In doing our part, we sealed our fate. We are doomed to despair because we think it sprouts from our fellow eyes. So we stab each other. We drink ourselves to death. We fall into hazy coke traps. We make each other miserable, cheat on our lovers, laugh at others' misery. And then we accept that. We tell ourselves: "people do shit like that". We get used to picture ourselves as cruel beings. We get used to believe cruelty, to worship cruelty and sacrifice friendships, platonic loves, solidarity in its altar. We compete for attention and use big words to forget the world. We "seek opportunities" instead of sharing cups of tea with our parents. We "look for career development" instead of feeling the afternoon sun in our skins. It is our shared destiny, to be convinced that our nature is dead. That our common human goodness is sterile. That we are all little assassins looking for a target, telling ourselves that each person must fend off for herself. We are fateless and bondless.<br /><br />We are broken hearts in a broken world. Checking our moons our stars our comets, we take strides to seem disaffected. We are a disaffected generation, loveless by omission, stranded in a land of no return.<br /><br />We are told. We no longer tell. We are daughters and sons and granddaughters and grandsons of grand people who knew how to tell stories of glories past. Firewood enchanted them. Spending hour upon hour beside the fireplace, telling stories. We are storyless. Past forebodes substance, and such baggage we cannot tolerate. Not anymore, in the world of no extra weight. In the world of presentations. In the world of suits and eternal smiles and networking efforts.<br /><br />We are empty people. We are tearless. We are slowly slouching towards a megamachine. Crawling, we stroll towards fate. And a fate of white hallways, loud clubs, ominous meeting rooms and watercoolers awaits.<br /><br />We are the ?-less generation. We are not Y. We no longer ask Why. W-H-Y. Simple words beckon us with their weight. They weigh us down and make us seem simpler, of times past. We only ask How. How much? How should I? How to do this and that?<br /><br />We are a weightless generation. Gravity has forgotten us. We no longer have walls, rents, cars or lifelong dreams. We no longer seek the stars. We no longer want to be astronauts, firewomen, archaelogists, scubadivers or somesuch fable. Our gods are now consultants. They are investment bankers with overarching egos. They are specialists, artists with convertible wisdom, superstar DJs with rolling playlists. Our gods no longer wear white cloth. They wear suits. They tell us that we have tried and failed.<br /><br />We are a dreamless generation. We don't believe in the Matrix, but it believes in us. Its machines have sought our souls and found our Promethean fire. They have tried to break our dreams, but found us devoid of dreams, devoid of hope.<br /><br />We are a lifeless generation. We merely struggle. But our struggle is not a fight. It is not a battle. It is simply a kneejerk reaction. We no longer know how to be poignant. We are pathetic, ridiculous and hopeless. We work without work. We live without life. We love without love. We make do because it is what our career requires. We no longer have callings, but options.<br /><br />So we're broken and we dwindle.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-23055692571292944522010-04-12T15:53:00.000-07:002010-04-12T16:28:16.093-07:00Away they went<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaIFi-6FpZ1tlYb5dLDZ_JMQlKvBJopJZR9PnlyonUe5zAv062GAfzMmH12LbzCYaJZ3_HbTTsVRVLVW-vNNQCE2uNk3R4FJQH3of6c7fkCkNjoQ43bZ_Z-ZMKZZKSp8DA3jCDYirKE33_/s400/away_we_go_xlg.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 259px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaIFi-6FpZ1tlYb5dLDZ_JMQlKvBJopJZR9PnlyonUe5zAv062GAfzMmH12LbzCYaJZ3_HbTTsVRVLVW-vNNQCE2uNk3R4FJQH3of6c7fkCkNjoQ43bZ_Z-ZMKZZKSp8DA3jCDYirKE33_/s400/away_we_go_xlg.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Há quem diga que este filme não gosta de quem o vê. Que é arrogante. Presunçoso.<br /><br />Há quem diga que este filme é para pessoas simpáticas - no bom sentido, não condescendente. E que, para cada personagem como Burt e Verona, existem 20 ou 30 serial killers, Action Men e pessoas "ai-estou-tão-indeciso-é-tudo-cansativo-que-coisa-de-classe-média-cliché".<br /><br />Depois de ver um filme de Alain Resnais, do qual TEM que se gostar (vide Vasco Cãmara), caso queiras dar a impressão de gostar da 7ª arte (pelos vistos, estou contaminado pela narrativa norte-americana), gostei deste. É suave, meigo, suficientemente profundo e ligeiramente irónico. "Lovely", talvez seja a palavra (não, amoroso não, é demasiado pimba).<br /><br />"Are we fuckups?", pergunta Verona.<br /><br />A minha resposta, deste lado da realidade: "Maybe you are a fuckup, but being a fuckup in this world is refusing to be broken by it".Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5325686877964938725.post-76673232354358438132010-04-12T03:56:00.000-07:002010-04-12T04:00:42.436-07:00Ali et Toumani, mes frères, mes amis, mes compagnons de route<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_zjlGlXk2QCI/S4XA4c081sI/AAAAAAAABEs/psQkYArz6wQ/s320/001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 287px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_zjlGlXk2QCI/S4XA4c081sI/AAAAAAAABEs/psQkYArz6wQ/s320/001.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Se o meu mundo tivesse uma banda sonora, seria qualquer música destes dois.<br /><br />Até o tempo se deleita com eles, porque desacelera. Enleia-se nas cordas, saltita entre acordes, adormece na gentileza desta dança de melodias.<br /><br />Sem dúvida, uma das mais belas histórias de amor musical.<br /><br />Estou perdido no Mali e não quero regressar.Unknownnoreply@blogger.com0