Segredos

domingo, 18 de abril de 2010

(...) "O teu problema é muito simples. Demasiado simples". "Estás de fora, e quem está de fora só reconhece a complexidade dos seus próprios problemas e questões". "Não é verdade. Tu buscas reconhecimento. Mas ninguém te reconhece. Tu buscas as estrelas enquanto ninguém olha. Ser filho da noite remete-te para a escuridão. E não há glória na escuridão". "Certamente. O meu propósito é obter o reconhecimento do futuro, não do presente. Porque o futuro terá tido tempo para envelhecer, ao passo que o presente é apenas uma sombra assustadiça de si mesmo. Prezo aquilo que é antigo, porque o tempo afina o olhar e recobra a memória". "Ainda assim, tens um problema. Sentes um cronómetro nas veias. O teu caminho é linear, e não podes desperdiçar segundos". "Tens razão. Creio que prefiro a escuridão e as estrelas mudas. A magia do silêncio é-me mais preciosa que os encómios vazios de vultos sibilantes. Os astros, pelo menos, convocam palavras perdidas, dores esquecidas e fazem-me levitar. Aqui, de nada serve pensar ou meditar."

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