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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Que conheça gente obcecada com estatuto. Que eu própria tenha sido, em tempos, obcecado com estatutos e reconhecimentos. Que, já agora, tudo isso tenha sido sensato e traga muito sucesso a quem se revê no mundo das amizades comida-rápida, das ideias cordatas, das formas de tratamento, das revistas que formatam estilos de vida sonhando serem novas bíblias, de conversas resumidas a listas de posses, de restaurantes, bares e cafés sensaborões que constroem lendas na carteira de clientes desabridos e ligeiramente inseguros.

Ainda assim, viverão todos vidas desvanecidas, como os verdes de Outubro no Alentejo. Serão todos ricos e felizes, bronzeados e empanturrados de cozinhas que, por definição, são inacessíveis a quem as poderia criticar com propriedade.

Uma classe inteira de jovens e pretendentes a monarcas, trendsetters que palmilharam, com quanta frustração, os caminhos do reconhecimento, aguardando, na escuridão da indiferença, o momento da sua glória, o parágrafo seguinte nas suas jogadas de longo alcance.

Conheci alguns, que serão, com toda a certeza, notáveis e sumarentos carregadores de poder. E serei, provavelmente, um anónimo varredor de memórias eternamente em busca de sentido e uma côdea de pão.

Mas sei que não é isto. Há-de haver algo mais que estilismos e obsessões estatutárias.

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